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quarta-feira, maio 05, 2004
We don’t do body counts
Em época de Guerra, atos de brutalidade e selvajaria já são esperados de ambas as partes envolvidas na disputa. O que faz as fotos de tortura contra prisioneiros Iraquianos por parte do exército norte-americano serem diferentes é o contexto da história.
O governo construiu um campo de batalha fundado na cova da segurança nacional. O presidente, um novo-Cristão afirmou diversas vezes que estava sendo guiado pelas mãos do “Todo-Poderoso”, através da libertação do povo Iraquiano de um ditator brutal que fez da tortura a sua política de governo.
Quando um presidente proclama uma guerra "correta", constantemente usando palavras como “liberdade” e “justiça” e invocando o nome de Deus, ele corre um grande risco de perder a confiança de seu povo no caso de acontecer de uma invasão baseada numa visão forte e cheia de falhas nos planos. Este presidente afirmou que a democracia deveria ser implantada em qualquer lugar fácilmente, as coisas se tornaram um pouco mais difíceis do que se esperavam. As tropas americanas foram colocadas em um risco desnecessário.
Sob uma presidência mais verdadeira, as informações de torturados e abusados, teria tido menos impacto na estrutura da nação. Este escânda-lo, entretanto, assutou os EUA. A arrogância de Washington enfureceu as nações que um dia foram aliadas. As imagens das prisões são tão incoerentes com os discursos do presidente, tortura e "Todo-Poderoso" não andam de mãos dadas. Esta é a presidência dos EUA em seu processo de não-revelação, se tornando cada vez mais nua conforme perde suas roupas.
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A Tv dificulta conscientização nos EUA
Isso é para não citar a outra parte da história. A parte em que mostrar fotos ou imagens de prisioneiros americanos é crime. Proíbidíssimo. Mostrar fotos de soldados Iraqueianos é normal. Não cheguei ao ponto da tortura ainda.
Estas fotos de tortura chocam porque a imprensa é forçada a ensinar que "guerra" é só uma palvra de seis letras e não um campo de batalha com corpos por todos os lados. O Iraque é um país muito quente e não está destruído pelas tropas americanas. Como as pessoas podem ser tão inocentes ao ponto de se chocarem com as (poucas) fotos que foram mostradas? Como isso está sendo mostrado pela CBS, em um país onde censura é regra?
De tempos em tempos o que se nota é que, quando ocorre algum manifesto de distúrbio do público sobre qualquer coisa é apenas quando as pessoas se sentem imediatamente afetadas ou expostas pela mídia a imagens não desejadas. Foi isto que aconteceu em Onze-de-Setembro. Milhares de pessoas viram a destruição em primeira-mão, estas pessoas são lembradas todos os dias da catástrofe acontecida no céu de Nova York. Muitas perderam algúem da família ou algum conhecido. A mídia bombardeou o público com estas imagens por meses, incluindo cenas de pessoas se atirando para a morte do alto dos prédios em chamas.Assim todos vivem com o medo que quando e como será o próximo ataque.
Em contraste com Onze-de-Setembro está a morte de mais de 10.000 civies Iraquianos, este fato não tem atenção da mídia. Não se vê fotos.Muito mais pessoas morreram no Iraque até agora do que nas Torres-Gêmeas, este é um fato incontestável. Os números referentes ao Iraque estão na mídia apagados, sem ilustrações ao lados das matérias para poder comover a população. Desta forma a mídia controla as emoções das pessoas, sem nem ai mínimo ter que mentir.Você pode imaginar como seriam as imagens se o bombardeio ao Iraque tivesse recebido a mesma cobertura que os ataques ao World Trade Center?
Aparentemente os fatos sozinhos não são o suficiente por aqui.
por: Mary Jane
6:51 PM
Um Novo Começo
Eu acredito nas oportunidades. I’m a believer. Eu acredito em senso no crítico. Eu acredito nos princípios do jornalismo e na verdade. Eu não acredito em censura. Eu acredito no Rock’n’Roll. Eu acredito em “do it yourself”. Eu acredito que escrever sobre a imprensa dos EUA é o melhor que eu posso fazer para aproveitar o acesso à jornais e revistas americanos que me é dado. E é isto que eu vim fazer aqui no Imprensa Marrom. Às quintas-feiras.
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A Guerra é Levada à Broadway
Esconde-esconde? A imprensa americana é capaz de fazer festa por causa dos seios da Janet Jackson, mas não é capaz de apontar uma inicitiva interessante. Dar espaço para idéias ou movimentos contra o governo? Nunca! Simpatizantes também não tem lugar.
Era mais de 1:30 da manhã e Tim Robbins estava sendo entrevistado pelo Carson Daly no programa da NBC Last Call. Ele falava de sua atual peça em cartaz com Actor’s Gang - companhia teatral que Robbins fundou em 1982 e já executou mais de 75 diferentes produções. Embedded fala da guerra do Iraque, da manipulação da verdade, do papel do jornalista e dos desafios e pressão pela qual os soldados passsam numa situação como a do Iraque.
O espetáculo foi escrito e dirigido pelo ator e estreou em Outubro de 2003 em Los Angeles e desde Março deste ano está sendo apresentado em Nova York, no Public Theater. Robbins que é conhecido por seu ativismo político, falava de toda a pesquisa que fez antes de escrever o roteiro, de como jornalistas podem se transformar em tremendos bundões e da falta de divulgação da peça pela mídia assim como as críticas negativas que recebeu.
De fato, nenhum dos seis maiores jornais diários do país - The New York Times, The Wall Street Journal, Washington Post, Los Angeles Times, NY Post e NY Daily News, nesta ordem - tinham dado destaque para Embedded.Notinhas tímidas foram distribuídas, assim como críticas violentas em cima do trabalho de Robbins.
Entretanto publicações independentes prometiam revelações chocantes a respeito de fatos que poucos sabem tais como congressitas planejando uma justificação para início da guerra de forma com que a opinião pública ficasse à favor do governo republicado ou jornalistas sendo censurados no Iraque pra que informações de operações sangrentas com perdas dos dois lados não vazassem. Grandes expectativas.
Em Cena
No teatro a garçonete simpática explicava detalhes da peça e opinava a respeito do governo Bush. “Afinal, algúém tem que fazer alguma coisa,” dizia ela. A supresa com todas as coisas que descobriu em relação à manipulaçãoo da imprensa, o jogo com a opinião pública saltavam aos olhos da senhora de quarenta e poucos anos. Este era o perfil do público.
O Public Theater não possui cortinas e antes que as luzes ascendessem ficou bem claro que quem não divide a mesma opinião deveria guardar isto para si, atos de prostesto não seriam bem vindos. Um voz alta ao fundo explica quais são as regras para permanecer dentro do teato durante os 90 minutos de espetáculo. Se você não gostar : “Fuck Off!”
Os Estados Unidos preparam-se para atacar Gomorra. Babilônia, a capital, é governada pelo ditador Novo Hitler, acusado pelos EUA de ter armas de destruição em massa. As empresas de comunicação enviam seus correspondentes, um grupo patéico de jornalistas que passam pela recruta do coronel Hardchannel - official duro que destribui as regras: o sangue não pode ser mostrado. Hardchannel explica, sobretudo, o que os correspondentes não podem fazer. Os estereótipos aparecem, do passivo ao rebelde, o grupo de jornalistas é de se fazer piada.
Os personagens alvo de maior sátira entretanto são os Cabala, grupo conservador que se reúne em Washington em adoração a Leo Strauss - influente filósofo americano dos anos 50 que recuperou a tese de mentiras nobres de Platão: a idéia de várias verdades, a sobrerania do filósofo-rei que trabalha para alienar as massas ignorantes sempre visando próprio benefício. De acordo com este príncipio o grupo prepara “verdades” que devem ser vendidas para a população afim de se manter a opinião pública à favor da invasão de Gomorra.
A Cabala é composta por caricaturas de figuras próximas ao Presidente Bush como Donald Rumsfeld Condoleezza Rice Richard Perle. Eles deixam claro não levar à sério o presidente iliterato, que nunca aparece. Um dos pontos de discussão é se atendem ou não ao seu pedido de uma “coroa imprerial” para se olhar no espelho. Concordam, que desde que o “chefe” não saia assim em público, seu brinquedo será concedido assim como um uniforme de aviador para ser utilizado em frente às câmeras. Esta passagem remete ao discurso feito por George W. Bush num porta aviões declarando o fim da fase militar da guerra.
Do outro lado do globo jornalistas-estereótipos – maquininhas de repetir acriticamente o que ouvem nas conferências se deparam com os os campos de batalha. Alguns retratos são reconhecíveis como Judith Miller, redatora amarga do New York Times, outros personagens se mostram verdadeiros, honestos, desafiando o coronel Hardchannel e se recusando a aceitar censuras.
Histórias comuns de soldados e a sua caracterização é benevolente. Um deles entra em pânico e mata por acidente uma família desarmada. Neste momento fica bem claro como Tim Robbins enxerga o papel do soldado americano no combate. Este official é mostrado como vítíma e não como assassino pois sofre com imagens da tragédia enquanto seus colegas dizem que ele tomou a atitude correta.
Outra associação marcante que foge do tom satírico, é a do médico árabe que trata a soldado Jen-Jen Ryan, capturada pelo Exército de Gomorra. O trocadilho do nome da soldado Ryan remete para o filme de Steven Spielberg, mas a referência é para a história real de Jessica Lynch, americana que foi ferida e detida no Iraque. Lynch foi resgatada por uma operação das forças especiais americanas. O seu salvamento foi inicialmente contado pelo Pentágono como ato heróico e desmentido mais tarde por Lynch em seu livro auto-biográfico.
Embedded vai estar em cena no Public Theater de Nova Yorque até o final de Maio depois parte para outras cidades americanas e Londres no final do ano.
Pobreza
O que vale é a intenção? Se sim, esta foi excelente, já o resultado... A idéia de fazer uma peça de teatro que mostre ao público que as informações recebidas nem sempre são as correstas, injustiças acontecem em um cenário de guerra é muito interessante, mas confesso que sai do teatro decepcionada. Nada de muito revelador ocorreu. Quem acompanha os jornais brasileiros já tinha aquele tipo de informação. Uma peça de teatro pode ter efeitos diferentes em povos distintos justamente por causa do tratamento que a imprensa dá à guerra. Americamos se chocam ou se entusiasmam com Embedded por causa da pobreza de informação que se vive por aqui.
por: Mary Jane
6:47 PM
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